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Temos vivido em meio a um turbilhão digital em acelerada expansão – são os efeitos da tecnologia e, com ela, a Inteligência Artificial que tem se destacado como uma força transformadora em múltiplos segmentos, prometendo revolucionar (e tem cumprido suas promessas) desde a saúde até o transporte, passando pela educação e a segurança.

Mesmo diante do crescente número de evidências que destacam os benefícios e as necessidades de adoção da IA, muitos líderes empresariais permanecem apáticos ou, como indicado em nosso título, “não enxergam” com relação às suas capacidades e potencial.

E quais seriam as razões por trás dessa apatia e o que pode ser feito para iluminar o caminho para esses líderes?

Bora saber!

A revolucionária Inteligência Artificial

A IA não é apenas uma moda passageira, é uma mudança de paradigma que está remodelando a maneira como as empresas operam. Tecnologias como aprendizado de máquina, processamento de linguagem natural e redes neurais estão permitindo que as máquinas aprendam com dados e tomem decisões quase humanas.

A Gallup realizou três estudos em 2023 e obteve diferentes pontos de vista sobre as tendências na adoção da IA. Esses estudos incluíram uma mesa redonda com diretores de RH de grandes empresas com uma média de 80 mil funcionários; uma pesquisa trimestral da força de trabalho da Gallup envolvendo quase 19 mil funcionários e líderes nos EUA; e o Relatório de Negócios na Sociedade da parceria Bentley-Gallup.

Os três pontos de vista principais, sendo dois preocupantes e um positivo são: (1) os líderes não compreendem totalmente o uso e a prontidão de seus funcionários para a IA; (2) os americanos não confiam no uso da IA pelas empresas (será que somente eles não confiam?); e (3) há um terreno comum para construir confiança.

Antes de começar, é bom conhecer o lado positivo desses pontos de vista!

“Os CHROs da mesa redonda da Gallup acreditam esmagadoramente que as tecnologias de IA impulsionarão a produtividade, aumentarão a criatividade e a inovação e permitirão que suas organizações operem com maior eficiência. Quase todos (93%) os CHROs prevêem que a IA reduzirá as cargas de trabalho e 61% preveem que a adoção da IA permitirá que os funcionários passem mais tempo em atividades estratégicas.” (J.Brecheisen, Harvard Business Review, 14/05/2024, )

A adoção estratégica e ética da IA pode abrir portas para um futuro mais eficiente e dinâmico. A IA oferece ferramentas poderosas que podem transformar processos empresariais, melhorar a tomada de decisões e criar novas oportunidades. Ignorar essas tecnologias pode significar ficar para trás. Possíveis razões para a cegueira tecnológica

A seguir, estão alguns pontos de vista que se somam aos levantados pela Gallup.

O impacto do desconhecimento

Um dos principais motivos pelos quais muitos líderes permanecem cegos para o potencial da IA é o desconhecimento. E a extensão dessa lacuna aumenta quando a empresa não tem nem ideia se ou quantos funcionários utilizam IA em suas atividades.

“A Gallup perguntou aos membros da mesa redonda global de CHRO, cujo departamento apoia a maioria das transformações culturais, com que frequência os funcionários da empresa estavam usando a IA para realizar seu trabalho. Era diário? Semanalmente? Mensalmente? Anualmente? Quase metade (44%) desses líderes não sabia.” (J.Brecheisen, Harvard Business Review, 14/05/2024, )

Como bem frisado na Harvard Business Review, “Esse ponto cego é um fator importante na erosão da confiança entre líderes e funcionários”,  ou seja, “Essa lacuna de conhecimento coloca os líderes em uma posição precária: gerenciar o desconhecido em vez de aproveitar o que eles sabem.”

Esse desconhecimento cria um fosso entre o que a tecnologia pode oferecer e o que as empresas estão dispostas a explorar, resultando em uma resistência que pode deixar as organizações para trás em um mercado cada vez mais competitivo.

O estudo da Gallup provoca uma questão:

E quando o líder é quem acredita que seus funcionários estão muito aquém da compreensão, despreparados para usar a IA ignorando completamente que os funcionários pensam sobre sua própria disposição e preparo para lidar com a IA?

“Muitos líderes não apenas desconhecem como seus funcionários usam a IA, mas também têm dúvidas sobre a prontidão para essas tecnologias transformadoras. Os dados da Gallup mostram que os líderes acreditam que seus funcionários estão muito menos preparados para usar a IA do que os funcionários pensam sobre sua própria prontidão para a IA. Os funcionários estão de um lado dessa divisão, bastante confiantes em sua capacidade de usar tecnologias de IA de forma eficaz. De acordo com o Workforce Study, quase metade (47%) dos funcionários se sentem preparados para usar a IA em suas funções, mas apenas 16% dos CHROs percebem que sua força de trabalho está pronta para a adoção da IA. Essa é uma lacuna de percepção significativa.” (J.Brecheisen, Harvard Business Review, 14/05/2024, )

A inércia da resistência à mudança

O desconhecido, naturalmente, gera medo e incerteza. A IA, com suas promessas de automação e mudanças radicais pode ser vista como uma ameaça e gerar resistências à mudança. Isso pode ser uma inércia sem fim, se nada for feito para promover uma cultura de aprendizado e adaptação.

Alguns líderes temem que a adoção de IA resulte em situações fora de seu controle, levando a uma relutância em adotar a tecnologia.

Quando estratégias baseadas no medo e repletas de regras se enraízam, a inovação pode ser inadvertidamente sufocada. O que começa como uma proteção razoável pode conter a própria criatividade que os líderes buscam.” (J.Brecheisen, Harvard Business Review, 14/05/2024, )

Outra preocupação é a segurança do emprego. O medo de que a IA substitua empregos humanos, resultando em demissões em massa.

“Quando as pessoas imaginam o impacto da IA, suas mentes geralmente gravitam em torno do negativo. O medo e a apreensão influenciam suas percepções. Por quê? Porque o desconhecido parece grande. A IA, com seu potencial transformador, continua sendo um enigma — um território desconhecido onde tanto a promessa quanto o perigo coexistem.
Não é nenhuma surpresa que o relatório constatou 75% dos adultos dos EUA acreditam que a IA reduzirá o número total de empregos na próxima década. O medo de que a automação substitua os trabalhadores humanos é real. Aliás, muitos líderes têm esse mesmo medo, mas acham que isso acontecerá ainda mais cedo — 72% dos CHROs na mesa redonda concordam fortemente que a IA levará à redução de empregos em suas organizações no futuro três anos.” (
J.Brecheisen, Harvard Business Review, 14/05/2024, )

Muitos líderes, capeados pelos seus métodos tradicionais, podem acreditar que “não se mexe em time que está ganhando”. Esse apego ao status quo resulta em resistência, pois há uma tendência natural de se sentir confortável com o que é familiar e conhecido.

A mudança representa incerteza e risco, um sentimento de ameaça à estabilidade e ao sucesso conquistado até então. A mudança, muitas vezes, exige esforço adicional, desconforto e até mesmo a possibilidade de falha, o que pode ser desencorajador para aqueles acostumados com a segurança do que já conhecem.

Essa “cegueira” significa dizer que não se pode administrar bem aquilo que não é compreendido. E com isso, é líquido e certo que:

“[…] alguns funcionários usarão as ferramentas de IA de forma independente, independentemente das avaliações de seus líderes sobre a prontidão geral da empresa. Se os líderes permanecerem céticos em relação à IA, os funcionários poderão seguir em frente sem a orientação deles. As organizações devem preencher essa lacuna de percepção o mais rápido possível, trabalhando ativamente para promover a confiança e garantir que tanto os líderes quanto os funcionários estejam navegando no cenário da IA juntos.” (J.Brecheisen, Harvard Business Review, 14/05/2024, )

Desafios éticos e de privacidade na era da IA

A Inteligência Artificial oferece muitas oportunidades para impulsionar a eficiência e a inovação das empresas, mas sua adoção suscita questões éticas e de privacidade que não podem ser ignoradas.

A falta de compreensão dessas questões pode levar os líderes a hesitar em adotar a IA, com receio de violar regulamentos de proteção de dados, como o GDPR na Europa ou a LGPD no Brasil, acarretando multas pesadas e danos à reputação da empresa, além de consequências pessoais.

Os vieses algorítmicos também são uma preocupação, pois algoritmos podem reproduzir preconceitos, resultando em decisões discriminatórias em áreas como recrutamento e concessão de empréstimos e outras.

A falta de diversidade nos dados pode agravar esses problemas, destacando a importância de uma abordagem cuidadosa e ética na implementação da IA, alinhada com os princípios de justiça e igualdade.

Alguns podem estar se perguntando agora: ok, mas o que tudo isso tem a ver com a cegueira tecnológica e a resistência à mudança?

A relação dessas questões com a cegueira tecnológica e a resistência à mudança é clara.

Os desafios e preocupações associados à IA, como o receio de infringir regulamentos de proteção de dados e os potenciais impactos negativos na reputação e nas carreiras, tendem a alimentar a cegueira tecnológica e fortalecer a resistência à mudança.

Essas questões éticas, de privacidade e de viés algorítmico podem representar obstáculos significativos para uma implementação eficaz e ética da IA, aumentando ainda mais as barreiras para sua adoção.

Custos e recursos… o inevitável investimento no futuro!

A implementação de soluções de IA pode ser um empreendimento caro e demorado para muitas empresas, independentemente do seu porte.

Muitas organizações veem esse investimento como um risco financeiro, especialmente quando o retorno sobre o investimento (ROI) não é imediato ou garantido. Além dos custos financeiros, a integração de IA exige um compromisso substancial de tempo e esforço.

A falta de infraestrutura tecnológica necessária e flexibilidade operacional para suportar essas transformações, leva as empresas a enfrentarem desafios consideráveis que podem comprometer a produtividade e a eficiência de suas operações cotidianas.

“A pesquisa ‘Architect an AI Advantage’, que foi conduzida com mais de 2 mil lideranças de TI de 14 países, entre eles o Brasil, constata que embora o compromisso global com a IA demonstre investimentos crescentes, as empresas estão negligenciando áreas estratégicas que afetam a capacidade de fornecer resultados bem-sucedidos via IA – como baixos níveis de maturidade de dados, possíveis deficiências em sua provisão de redes e computação, e considerações vitais de ética e conformidade. O relatório também indica desconexões significativas tanto na estratégia quanto no entendimento, o que pode afetar negativamente o retorno sobre investimentos (ROI).” (Mundo RH, 30/04/2024, )

Quais os riscos de ignorar a IA?

A relutância pode resultar em perda de competitividade em longo prazo, à medida que concorrentes mais avançados tecnologicamente capturam maior participação de mercado.

“[…] a integração humano-máquina não está isenta de riscos e dificuldades, como a falta de capacitações sobre IA para ou a falta de priorização das lideranças em relação ao processo de digitalização, que melhora a produtividade e inclusive o bem-estar dos colaboradores. Ignorar a inteligência artificial pode ser um tiro no pé para altos executivos, mas as empresas ainda enfrentam barreiras para implementar a inteligência artificial às suas rotinas.”  (Forbes, 02/10/2023, )

As empresas que não adotarem essas novas tecnologias poderão sofrer por conta de ineficiências operacionais, resultando em custos mais altos e produtividade reduzida, até o risco de se tornarem obsoletas no mercado e sucumbirem por se tornarem incapazes de competir com concorrentes que aproveitam plenamente os benefícios da IA para impulsionar sua eficiência e inovação.

“O Gartner espera que ‘A IA Generativa atue em cerca de 70% das tarefas mais intensas em texto e dados até 2025, em comparação com menos de 10% em 2023’, no entanto, menos da metade dos líderes de TI admitem ter uma compreensão completa das demandas de diversas cargas de trabalho de IA, incluindo treinamento, ajuste e inferência – o que gera uma dúvida quanto a precisão do que deve ser provisionado para elas.” (Mundo RH, 30/04/2024, )

A análise de dados aprimorada pela IA pode oferecer insights valiosos e impactos significativos nas decisões estratégicas. A ausência dessas ferramentas expõe os líderes ao risco de basear suas decisões em intuição ou dados incompletos, comprometendo assim a eficácia e a precisão de suas escolhas estratégicas.

E o que pode acontecer com isso?

Isso pode resultar em estratégias falhas, investimentos mal direcionados e perda de oportunidades de crescimento e inovação. Sem contar que a falta de dados precisos e análises detalhadas pode levar a uma tomada de decisão reativa, em vez de proativa e, assim, colocar a empresa em total desvantagem competitiva diante de um mercado em constante evolução.

Quais seriam os caminhos para impulsionar a transformação?!

Investir em educação e treinamento, em primeiro plano, é fundamental para preparar os colaboradores para a era da IA. Implantar programas de desenvolvimento e workshops internos, por exemplo, não apenas ajuda a desmistificar a IA, mas também promove uma cultura de aprendizado contínuo e inovação dentro da organização.

Essas iniciativas não só capacitam os funcionários a compreender os conceitos básicos da IA, mas também a explorar ativamente as possibilidades dessa tecnologia em suas respectivas áreas de atuação.

Ao proporcionar um ambiente de aprendizado colaborativo e acessível, as empresas podem estimular a criatividade e a experimentação, incentivando os funcionários a desenvolver soluções inovadoras e aproveitar ao máximo o potencial transformador da IA em seus processos de trabalho.

“Há uma lacuna notável na percepção entre o que os líderes sabem sobre o uso e a prontidão de seus funcionários para a IA e a realidade. Essa lacuna ressalta a necessidade urgente de os líderes prepararem suas culturas para a iminente revolução da IA. O local de trabalho do futuro está aqui. Os líderes precisam estar bem informados sobre o que realmente está acontecendo em suas organizações para cultivar a confiança em toda a empresa e desenvolver estratégias de IA que se alinhem às metas de alto nível.” (J.Brecheisen, Harvard Business Review, 14/05/2024, )

De modo geral, é fundamental que as empresas desenvolvam políticas claras sobre o uso ético da IA e ser transparente, e explorem formas criativas de implementar IA contando com parcerias estratégicas, uso de plataformas de IA como serviço e participação em programas de inovação aberta, para compartilhar os custos e riscos envolvidos, entre as mais diversas possibilidades que possam acelerar a adoção da IA e maximizar seus benefícios.

“A introdução da IA pode ser recebida com resistência por parte dos colaboradores, especialmente quando há preocupações sobre perda de empregos ou mudanças drásticas nos processos de trabalho. ‘É natural que isso aconteça, porque as pessoas passaram por empresas que não deram essas experiências para elas’, diz o VP do iFood. A cultura da inovação emerge como uma responsabilidade fundamental das empresas, permitindo a abertura para novas abordagens e estratégias e criando espaços onde ideias inovadoras possam ser exploradas livremente.” (Forbes, 02/10/2023, )

Concluindo…

A Inteligência Artificial já transcendeu o status de tecnologia emergente para se tornar uma força inegável, com um potencial disruptivo capaz de redefinir as operações e estratégias empresariais. Assim, ao ignorarem essa realidade, os líderes colocam em risco a relevância de suas organizações e a perda de oportunidades valiosas de inovação e crescimento.

Estar alinhado com o avanço da IA não é apenas uma vantagem competitiva, agora é uma necessidade estratégica para o sucesso das empresas e de si mesmos como profissionais do futuro.

“Há uma lacuna notável na percepção entre o que os líderes sabem sobre o uso e a prontidão de seus funcionários para a IA e a realidade. Essa lacuna ressalta a necessidade urgente de os líderes prepararem suas culturas para a iminente revolução da IA. O local de trabalho do futuro está aqui. Os líderes precisam estar bem-informados sobre o que realmente está acontecendo em suas organizações para cultivar a confiança em toda a empresa e desenvolver estratégias de IA que se alinhem às metas de alto nível.” (J.Brecheisen, Harvard Business Review, 14/05/2024, )

Então, para evitar o erro estratégico de ignorar a Inteligência Artificial, os líderes precisam priorizar a educação e a conscientização sobre os benefícios e potenciais da IA em todos os níveis da organização.

Investir em programas de capacitação e treinamento em IA, bem como promover uma cultura de abertura à inovação e experimentação, são passos essenciais para garantir que a empresa esteja preparada para adotar e aproveitar ao máximo essa tecnologia disruptiva.

É fundamental que os líderes estejam abertos ao diálogo com especialistas em IA, parceiros estratégicos e colaboradores, buscando constantemente oportunidades de aplicação da IA que possam impulsionar a eficiência, inovação e competitividade da organização.

Chegou o momento de avançar para o futuro e abraçar plenamente a Inteligência Artificial. Incorporar essa ferramenta à rotina expande significativamente as perspectivas e possibilidades.

Esteja atento às oportunidades que a IA oferece, desde simplificar tarefas diárias até criar vias para o seu desenvolvimento profissional e empreendedor.

Ou seja: é hora de romper com as limitações do passado, abraçar a mudança cultural e mergulhar nesse futuro com entusiasmo e confiança.

“Se você é um líder que quer mudar sua força de trabalho para o uso da IA, você precisa fazer mais do que gerenciar a implementação de novas tecnologias. Você precisa iniciar uma profunda mudança cultural. No centro dessa mudança cultural está a confiança. Seja o caso de uso da IA breve e experimental ou abrangente e significativo, um nível de confiança deve existir entre líderes e funcionários para que a iniciativa tenha alguma esperança de sucesso.” (J.Brecheisen, Harvard Business Review, 14/05/2024, )

Convido você a embarcar com a gente nessa jornada rumo a um universo onde a criatividade, a inovação e a inteligência se encontram para criar um amanhã ainda mais extraordinário.

Por aqui, na Fábrica de Criatividade, estamos bastante animados para ver o que o futuro reserva para nós e para a IA, mas não de braços cruzados e prostrados em uma zona de conforto. E você? ????